Espaços públicos que estimulam interações entre as pessoas, conectando-as e convidando-as a desfrutarem da cidade, também promovem a mobilidade a pé.
A ativação dos espaços públicos por meio de ações sociais e execução de atividades interativas e de entretenimento propiciam vitalidade ao lugar e, como desdobramento, tornam o local mais seguro para a população.
Para tanto, é basal que se pense no desenho urbano em uma escala humana, abarcando detalhes perceptíveis àqueles que experimentam a cidade a pé. Ou seja, para além de questões de infraestrutura, esse desenho urbano deve também levar em conta aspectos intangíveis em seu planejamento, contemplando as necessidades da população.
Assim, entender e incluir estes aspectos no planejamento e desenho urbano é ponto-chave para que os lugares ganhem significado. Ao ganhar significado, desperta-se o senso de pertencimento, que desperta o senso de permanência. Em outras palavras, legitima-se a conexão das pessoas com o ambiente.
E, quanto maior a permanência e o senso de pertencimento, maior também a vontade e preocupação em cuidar dos espaços. Em decorrência, podem surgir ações de advocacy individuais e coletivas, que demandem cidades melhores, acessíveis e caminháveis, voltadas às pessoas.
Um exemplo é o coletivo MOB — Movimente e Ocupe seu Bairro, de Brasília, que acredita que os espaços públicos são um reflexo de como encaramos a cidade. E que as mudanças somente ocorrerão quando entendermos que o espaço comum é nosso, e não apenas de um governante ou uma empresa privada que não cuidou e não cumpriu o seu papel.
Desse modo, é imprescindível que ações de ativação dos espaços públicos engajem as comunidades, grupos e associações locais. Tendo em vista que estas pessoas terão propriedade para validar genuinamente tanto os problemas quanto as reais necessidades da região.
O Instituto A Cidade Precisa de Você sabe bem disso e busca promover a melhora, a articulação e a ativação dos espaços públicos ao articular os vários agentes dos territórios da cidade — comunidade local, movimentos civis organizados, terceiro setor, empresas e poder público.
Em São Paulo, Bela Rua, Basurama e Urb-i têm desenvolvido intervenções e projetos urbanos para transformar os espaços públicos da cidade em locais lúdicos, de convívio, arte, cultura e lazer.
Convidando as pessoas a viverem o lado de fora e a transformarem os espaços públicos em lugares que inspiram pessoas (Bela Rua)
Basurama
Basurama, coletivo de origem espanhol, trabalha desde 2001 com projetos criativos pra transformação do espaço público das cidades. A partir de resíduos, criam playgrounds, parques de brinquedos e convidam as pessoas de 0 a 99 anos a brincar!
Diretamente de Curitiba (PR), o pessoal do Vaga Viva também realiza intervenções urbanas no intuito de ativar espaços.
Na escala de prioridades o pedestre sempre deve estar em primeiro lugar. Os técnicos planejam a cidade pensando antes no carro, mas se esquecem dos pedestres. São os pedestres que movem tudo isso! (Ivo Reck, Vaga Viva)
Vamos lá, caminhantes. É hora de ativar os espaços públicos!