Lançamento da publicação: Andar a pé eu vou: caminhos para a defesa da causa no Brasil
Entendendo as eleições municipais previstas para acontecerem no Brasil em 2020 como um momento oportuno para incidir nos espaços de sensibilização e de formulação de políticas públicas democráticas, foi lançada recentemente a publicação online ANDAR A PÉ EU VOU: CAMINHOS PARA A DEFESA DA CAUSA NO BRASIL, desenvolvida no âmbito do projeto Como Anda com a colaboração de mais de 100 indivíduos e organizações e disponível no site do projeto. O material reúne uma série de experiências nacionais que influenciaram outras ações, projetos ou políticas públicas voltadas para os deslocamentos a pé e também conta com um seleçãocardápio de táticas e ferramentas identificadas e amplamente utilizadas para fortalecer o tema na agenda política.
“Desde que a Política Nacional de Mobilidade Urbana foi aprovada em 2012, tornou-se claro que a mobilidade a pé deve ser priorizada em relação aos demais modos de transporte. […]É sabido que caminhar, muitas vezes, não é suficiente para cumprir uma viagem inteira, mas sem dúvida é uma parte importante desse deslocamento. Repensar hábitos e exigir que o poder público dê o devido tratamento para a mobilidade a pé é fundamental para que tenhamos cidades mais dinâmicas e sustentáveis. Este documento dá mais um passo importante neste sentido, agregando experiências e incentivando a militância na promoção da mobilidade a pé como um ato contínuo que deve ser intensificado em janelas de oportunidade — por exemplo, engajando candidatos em eleições e fortalecendo ações de grupos, movimentos e organizações da sociedade civil.” afirma Marcel Martin, Coordenador do Portfólio de Transportes, iCS (Instituto Clima e Sociedade).
Com base na pesquisa da Associação Nacional de Transportes Públicos, estima-se que 40% dos brasileiros se deslocam exclusivamente a pé. Se incluídos os 28% dos deslocamento diários em transporte coletivo — que sempre possuem um trecho também a pé no início e/ou final do deslocamento — , os deslocamentos a pé chegam a 68% do total. Isso significa que somos aproximadamente 130 milhões de pedestres nos movimentando pelas ruas do Brasil, todos os dias. Mesmo assim, os veículos motorizados individuais predominam na paisagem dos centros urbanos. Em algumas cidades, chegam a ocupar mais de 80% do sistema viário, seja para circular ou para estacionar, relegando os espaços exclusivos para pedestres ao mínimo.
A mobilidade a pé, tão antiga quanto a humanidade, conecta pessoas e lugares. Também se relaciona com outras formas de deslocamento — o que implica atenção aos diversos tipos de infraestruturas oferecidas e à gestão do espaço público urbano. Mesmo Ainda que o arcabouço legal brasileiro evidencie a prioridade aos pedestres e a necessidade de planejamento da rede de mobilidade a pé, ainda são tímidos os avanços contabilizados diante do quadro de mudanças necessárias que precisam ser enfrentadas. É evidente que cada lugar e cada contexto pedem formas de caminhar distintas, mas as investigações relatadas nesta publicação revelam que, ainda que os espaços de troca sejam poucos e informais e que o movimento em prol da mobilidade a pé esteja em fase incipiente, existe um fluxo de informações e de intercâmbio de experiências que permitiu que muitos grupos tenham adotado estratégias, táticas e ferramentas similares para conduzir processos de defesa do caminhar.
As investigações apresentadas na publicação mostram que ainda há muitos passos a serem dados, mas que muitos grupos já estão em marcha! Também abre possibilidades concretas de construirmos melhores condições e visibilidade para as pessoas que se deslocam — e ocupam as cidades — a pé. Esse movimento transita entre o individual e coletivo e encontra ressonância na singularidade, na potência e no valor que cada ação soma à causa.
Uma importante ressalva precisa ser destacada: o documento foi concluído nos primeiros meses o auge da COVID-19, uma pandemia sem precedentes nas últimas décadas e, na incerteza sobre como voltaremos a ocupar os espaços públicos, ficamos todas e todos com a tarefa histórica de refletir e, sobretudo, lutar pelas mudanças que podemos provocar desde agora.
Webinar de lançamento da publicação
O webinar do dia 03 de agosto, parte da programação da #SemanadoCaminhar, marcou o lançamento da mais nova publicação do Como Anda, um trabalho de fôlego, feito a muitas mãos e que, esperamos, contribua para todas as pessoas que querem fortalecer o movimento a pé no país.
Neste encontro, convidamos algumas pessoas que participaram direta ou indiretamente desta construção: Flavio Soares, da @ciclocidade, consultor em advocacy e responsável pela condução das entrevistas e relato das ações que estão na publicação, que contou um pouco sobre o processo de mapeamento de experiências de defesa da mobilidade a pé no Brasil, os desafios e a surpresas durante o caminho que te chamaram a atenção nessas histórias coletadas. Laura Sobral, da @acidadeprecisadevocê, que compartilhou sua experiência em como o ativismo pode influenciar políticas públicas. E Wanessa Spiess, da @cidadeape e @calcadasp, representando a visão do grupo de Engajamento pela Mobilidade a Pé. A condução deste papo e apresentação da publicação será feita por Gabriela Callejas, da @cidade.ativa, que coordenou o projeto em conjunto com @corridaamiga .
Veja o papo completo no youtube do Como Anda: Lançamento da publicação “Andar a pé eu vou: caminhos para a defesa da causa no Brasil”
Sobre o projeto Como Anda
Como Anda é o ponto de encontro de organizações que promovem mobilidade a pé no Brasil. A iniciativa nasceu em 2016, fruto de uma parceria entre as organizações Cidade Ativa e Instituto Corrida Amiga, com apoio do Instituto Clima e Sociedade. Um dos seus principais objetivos é criar um ambiente fértil para o empoderamento desses grupos, disseminando informações sobre iniciativas e projetos, disponibilizamos dados e promovendo oportunidades para que organizações se encontrem, troquem e atuem em parceria. Além disso, o projeto tem um grande compromisso em disseminar esse conhecimento para a sociedade. Por isso, atua por reforçar a pertinência e a urgência dessa pauta e por inseri-la nas diferentes mídias e nos debates sobre projetos e políticas públicas.
Contatos:
contato@comoanda.org.br