No global e local: como anda a mobilidade a pé?

Como Anda
4 min readApr 6, 2022

O tema da mobilidade urbana permeia diversos espaços de encontros, eventos, rodas de conversa pelo mundo e a mobilidade ativa — e, consequentemente, para pedestres — vem ganhando um notório reconhecimento nesses debates.

A partir dessa abertura, podemos encarar essas oportunidades como uma forma de fortalecer ainda mais a pauta para pedestres no Brasil e, para nós do Como Anda, esse é um dos pilares que movem e energizam nossos esforços. Dentre tantas possibilidades que nos aparecem diariamente, olhamos para os assuntos que estão em pauta em eventos locais, nacionais e internacionais e nos perguntamos: o que eles carregam em comum ao tratar sobre mobilidade a pé? Como eles apoiam na evolução do tema?

A Walk 21, maior conferência sobre caminhabilidade do mundo, está em sua 22ª edição com o mote “A década para mudança — Passos para concretizar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, motivada por ações que estão sendo tomadas pelo governo da Irlanda (local onde o evento será sediado) para mitigar gases de efeito estufa a partir de investimentos na rede de infraestrutura de mobilidade da cidade. Nas edições de 2016 — Hong Kong, 2017 — Calgary, 2018 — Bogotá e 2019 — Rotterdam, o Como Anda esteve presente com atividades desde palestras a oficinas e entendemos que foi um importantíssimo salto para compartilharmos o cenário da mobilidade a pé no Brasil com outras pessoas e redes que fortalecem ainda mais as organizações que fazem parte desse movimento.

Ainda no âmbito internacional, o World Urban Forum incentiva a discussão sobre a mobilidade nas cidades. Em sua 11ª edição, mantém a sua motivação guia de ser a principal conferência global sobre urbanização sustentável, a partir de vários pilares e temas de discussão que permeiam impactos em comunidades, políticas públicas, economia e mudanças climáticas.

Outro exemplo interessante, dessa vez nacional, é o Parque Mobilidade Urbana — uma realização da plataforma Connected Smart Cities Mobility e Mobilidade Estadão com apoio institucional do Como Anda e outras diversas instituições (inclusive a Cidade Ativa, uma das correalizadoras do projeto). O evento tem como propósito “promover a mobilidade urbana disruptiva, sustentável e inclusiva por meio da discussão, da troca de informações e da difusão de ideias entre o ecossistema de mobilidade, com o objetivo de garantir o deslocamento das pessoas nas cidades de forma sustentável e equitativa.” Quando falamos em mobilidade sustentável, estamos nos referindo intrinsecamente também à mobilidade a pé como uma forma de enfrentarmos a crise climática e social que estão presentes no nosso cotidiano.

Em escala local, um evento recente trouxe o tema da infância para a cidade, dentro da iniciativa “março — mês das infâncias do IAB”, organizado por várias instituições em São Paulo, inclusive o coletivo Metrópole 1:1, parceira de longa data (aliás, já ouviu nosso episódio de podcast que a Wans Spiess do Calçada SP gravou com a Bibiana Tini?). Tem expressão de liberdade maior do que quando a criança aprende e dá o seu primeiro passo? Esse movimento gera uma ação que não será desaprendida, não será esquecida e sempre levará esses pequenos e pequenas a alcançarem novos desafios, a partir de um caminhar passo a passo. O evento que estamos falando foi o Vila Buarque Solidária para Crianças, que contou com uma ampla oferta de atividades para todas as idades, com a mensagem principal da criança poder estar nas ruas com segurança, acessibilidade, inclusão, ludicidade e aprendizagem a partir do cotidiano.

Em um giro rápido com os eventos que estão em pauta, alguns aspectos em comum podem ser percebidos. Para além do essencial que sustenta esses eventos, como troca de experiências, exploração de tendências sobre os temas para o futuro, produção e compartilhamento de conhecimento, todos eles também nos incentivam a:

  • Retomar o espaço da cidade, da rua. Estar do lado de fora.
  • Enfrentar a crise climática a partir de esforços focados na mobilidade ativa;
  • Incentivar o trabalho a partir de grupos inter e multidisciplinares para explorar e construir soluções inovadoras;
  • Olhar para a mobilidade a pé com as lentes da inclusão, acessibilidade, sustentabilidade, ludicidade e educação.

Essa breve análise nos revela múltiplas chances de atuação, de costura entre temáticas e novas perspectivas. Entendemos que a nossa (eu e você) atuação se consolida quando permeamos esses espaços de discussão e expomos os desafios, interesses e pontos de convergência ao defendermos cidades para pedestres. A mobilidade a pé passa por todos esses temas, por todas essas ações. A mobilidade a pé nos coloca em movimento, sempre.

Tem materiais muito bacanas que trazem essa transversalidade do tema nas nossas redes! Que tal dar uma olhada na publicação do Lab.MaP, na qual investigamos possibilidades de trabalhar com os ODS’s e escutar o podcast que a Paola Bernardi, da Caraminhola, gravou com o Sérgio Besserman com o título “Territorialização da Agenda 2030”.

Quais outras ideias chegaram até você a partir da nossa reflexão?

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